Ergueu os braços de alívio.
Quanto maior o peso, mais nos elevamos. Essa é a efémera paridade. O equilíbrio. Uma dança livre, improvisada, a solo ou acompanhados. É a dança da razão e o coração num fluxo tão delicado quanto poderoso. É uma transformação constante, composta por etapas não lineares, entrelaçadas e sobrepostas, todas à procura da mesma saída – a libertação.
Sentir a presença desse peso é viciante. É tentador de se lhe entregar porque não é doloroso de se afogar nele, é doloroso resistir-lhe. E para quê? Os braços não saberiam remar contra corrente – ela está dentro, nas nossas veias, é-nos vital, sim, e merece reconhecimento. Porque a angústia desagua em tranquilidade, a inércia no despertar, a brutalidade em compaixão e a desilusão em esperança. E é de repente que estamos leves. Essa esperança é um golo de ar. Que alívio. Liberdade.
Original watercolor artwork on 300 gsm cotton paper
30 x 40 cm
2024